top of page

Alessandra Alves

Era começo dos anos 90. Ninguém ia chutar que um bebê tinha gastrite crônica igual eu tinha. Quando eu tinha uns 8 anos achamos um médico que disse que eu tinha gastrite e esofagite. Eu tinha uma má formação no meu esôfago. Ele falou que eu precisava refazer uma válvula do esôfago. No começo a cicatriz vinha da costela até o umbigo, mas eu descobri que eu tinha queloide. Diminuiu, mas ficou assim mais larguinha. A segunda cirurgia eu comecei a sentir uma dorzinha nas costas. Pensei, “ah, eu tô carregando mochila pesada, deve ser esperada. Vou voltar a fazer atividade física e vai ficar tudo bem”. Aí fui fazer raio-x e lembro que o médico falou: “você tem uma espondilolistese”. Olhei pra mim mãe… que? Tá falando grego, né. Aí ele falou, “você tem um deslocamento de vértebra.O seu já tá num nível avançado. De modo geral, o que a gente faz é colocar pinos de titânio”. Eu demorei pra acreditar que eu precisava daquilo. Eu sempre pratiquei esporte. Quando eu voltei, meu irmão falou “nossa que grande”. Aí que eu fui ver a cicatriz. Eu achei ela grande. Mas acho que o lance da cicatriz é isso. É uma marca física, uma linha que tá escrita no nosso corpo. O processo tá na gente. Eu gosto dela hoje. Faz parte de mim. Você pode tirar a cicatriz, mas a memória dela e da cirurgia nunca vão sair de mim. As dificuldades que a gente passa na vida são o que a gente é e nossas marcas também.

Posts Em Destaque
Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
Nenhum tag.
bottom of page