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Leila e Rafaela Tatto


A gente tinha saído pra comprar o presente de aniversário dela. Ela acordou falando, “mãe, to sentindo uma dor na virilha”. Não tinha tylenol em casa. A gente foi na farmácia e eu dei o remédio pra ela no carro mesmo. Na verdade eu achei que ela tivesse com gases. porque ela nunca teve nada. Sempre foi super saudável. Depois de um tempo perguntei como ela tava se sentindo e ela falou que tava bem. Não tava mais febril. Aí a gente foi pra loja. Essas duas pintaram e bordaram lá, como diz a minha mãe. Aí fomos pra casa. Ela disse, “mãe eu não quero jantar. Eu só quero melancia”. Aí depois, ela comendo melancia, começou a me chamar e eu fiquei até irritada. Falei “ai Rafaela, deixa eu arrumar as coisas. O dia inteiro aqui com você”. Ela “ai mãe, to sentindo muita dor”. Aí eu nem questionei. Só coloquei no carro e levei. Mas não era nada desesperador. Ela só tava reclamando de dor e chorando. A princípio, pelo que ela relatava, o médico falou que podia ser apêndice. Aí foi fazer ultrassom e ele falou “olha, acho que não é apêndice porque não tá inflamado e eu não to vendo ele no ultrassom. Mas tem um líquido solto aqui”. Durante o exame ela começou a sentir muita dor porque ele forçou o aparelho pra tentar enxergar. Aí foi que ficou mais crítico. Aí sim ela sofreu. Começou a doer muito mais depois disso. Foi feita a tomografia e o médico falou que tinha uma massa de uns onze centímetros e que teria que fazer uma cirurgia nela. Eu fiquei desesperada. Falei “meus Deus do céu, não conheço esse médico. Do nada minha filha tava bem, pulando, e agora vai ter que fazer uma cirurgia?”. Comecei a pedir informação pra alguns médicos que eu conheço, mandei o laudo e todos falaram, “Leila, é cirúrgico. Ela deve estar sofrendo muito”. Foi feita a cirurgia. Tirou um ovário e uma trompa e o tumor, e encaminharam para a biópsia. Tudo caminhava para uma quimioterapia. Quando chegou o resultado os médicos falaram que não ia precisar porque eles tiraram tudo. Era um tumor localizado. Só que ela faz acompanhamento todo mês com ultrassom, os exames dos marcadores e esporadicamente ressonância. Não tá de alta ainda. E aí a gente tá levando ainda aí. Ela pelo menos pra mim não demonstra que tem problema com a cicatriz dela. Eu falo pra ela que a cicatriz é uma marca de vitória na vida dela. Que ela tem que ter orgulho da cicatriz. Independente de estética ou não, ela é uma vitoriosa. Acho que ela encara bem, porque ela não tem vergonha da cicatriz. No mais, a gente tá levando bem.

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