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Cynthia Alves

  • Foto do escritor: Sofia Calabria
    Sofia Calabria
  • 25 de nov. de 2016
  • 1 min de leitura

Acho que eu tenho uma questão com se machucar desde muito cedo. Quando eu era criança eu tinha vontade de quebrar o braço, por exemplo. Eu não queria que ficassem sequelas. Eu tinha uma pira infantil de querer quebrar o braço, mas tinha medo das consequências que isso poderia causar. Com 17 anos eu fiz minha operação de vesícula e ficou uma cicatriz grande. E você é jovem, fica com um pouco de medo. As pessoas julgam muito, acham feio. Eu aprendi a gostar dela. Essa foi uma que me foi dada. A vida me colocou. E as questões do auto-flagelo começaram muito tempo depois. Uma vez num ato de fúria eu quebrei um vidro com o braço direito. Depois disso meu inconsciente percebeu isso como uma forma de aliviar coisas. E sempre em atos de fúria, ou alcoolizada, eu me cortava. Sempre no mesmo braço, sempre numa mesma área. Acho que pra proteger um pouco. Essa coisa de “junta tudo num lugar só. É mais fácil de esconder”. Depois eu fui não querendo mais esconder a dor e elas foram se espalhando um pouquinho mais. Eu sempre pensava isso como uma escolha mesmo. Quase como uma tatuagem. Uma tatuagem que eu faço. Só que essa é uma tatuagem menos aceita. A cicatriz é consequência do ato de cortar, mas é uma parte fundamental, porque é a lembrança do momento. Sempre que eu olhar pro meu braço eu vou lembrar e é difícil. Não é uma tarefa fácil fazer isso consigo mesmo. Hoje eu não faço isso há bastante tempo, mas foi importante a cicatriz continuar. São marcas de fases.



 
 
 

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