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Barbara Monfrinato


Meu pai me levou pra casa da praia que tava sendo construída e a minha mãe ficou aqui em São Paulo com a minha irmã que tinha acabado de nascer. Meu pai me levou e levou a família dele. Em algum momento do churrasco em que eles estavam lá fora eu fui me aventurar na casa e subi numa escada de pedreiro, porque não tinha escada de verdade ainda e devo ter tropeçado num degrau, cai de lá de cima e aí que meu pai lembrou de mim (risos) e eu sangrei muito. Minha mãe e minha vó ficaram muito bravas com ele e até hoje não dá pra tocar nesse assunto que vai dar briga. Isso mostra muito do caos da relação entre eles. Meu pai sempre foi mais distraído e cabeça dura, mas também ele tá sempre disponível pra te ajudar se precisar. A minha mãe fica falando que eu podia ter morrido, ter batido a cabeça. O engraçado é que ela também tem uma cicatriz no queixo e depois minha irmã também fez uma. Nós três achamos engraçado ter essa ligação com a cicatriz. Parece que faz da gente uma família: as três mulheres com cicatriz. Por mais que tenha esse exagero da minha mãe de falar que eu podia ter morrido, realmente poderia ter sido muito pior e só ficou essa cicatriz pequenininha. De alguma forma eu sinto que ela me protege e que eu fui protegida nesse dia. Mesmo que às vezes eu não lembre dessa cicatriz, mesmo que às vezes eu nem olhe pra ela, é um pedaço da minha infância.



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