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Lygia Brito

Eu tenho várias cicatrizes na perna. A maior é essa do joelho. Eu andava muito de bicicleta quando eu era criança. Na verdade eu era muito moleca. Subia muito em árvore, brincava na rua de amarelinha, batia nos meninos, essas coisas todas que criança maloqueira faz. (risos). Essa do joelho, uma vez eu tava descendo uma ladeira bem grande da rua da minha casa e eu gostava muito de assistir àquelas corridas de moto. E aí os motociclistas faziam uma curva assim e quase raspavam o joelho no chão e eu achava aquilo demais. Aí eu fui fazer isso de bicicleta, caí e me ralei toda. Foi horrível esse dia. Mas não chorei, porque eu tava fazendo coisa errada que a minha mãe falava pra não fazer. Eu gosto muito delas. Já tive uns problemas de aceitar, principalmente na fase da adolescência, né. A gente quer ser mais padrão, normalmente. Minha vó fazia mó terrorismo quando eu era criança. “Cê não vai poder ser miss com essas pernas”. Hoje eu dou até risada, né. Quem que quer ser miss, gente? (risos). Mas eu gosto muito, Tenho um carinho muito grande porque me lembra da minha infância, né. Tive uma infância muito gostosa, de brincar, de aprontar. Tô passando por um processo de aceitar muito mais o meu corpo. Minhas cicatrizes são parte da minha história. Estrias, celulite, os cabelos. Se eu for contra isso, tentar apagar isso, é apagar um parte de mim.



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