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Cristina Chaim

  • Foto do escritor: Sofia Calabria
    Sofia Calabria
  • 25 de nov. de 2016
  • 2 min de leitura

Eu tenho um monte de cicatrizes. Adoro as minhas cicatrizes. Uma das mais importante é a da minha cirurgia no coração. Eu nasci com dois sopros. Antes dos seis meses eu tinha ido a 50 médicos. Quem vai em 50 médicos na vida? Com seis anos eu tinha peso pra operar. Eu lembro que o hospital foi super divertido. Eu fiquei na ala infantil e eu não tinha restrição alimentar, então todo dia meus pais, meus amigos traziam alguma coisa diferente pra mim. Minha mãe não queria de jeito nenhum que eu tivesse uma cicatriz grande, porque na época as de cirurgia cardíaca iam do umbigo até o início da traqueia. Aí ela pesquisou e achou um cirurgião que tava começando uma técnica nova que ficava uma cicatriz de 15 a 20 centímetros. Foi uma super luta dela com o convênio, sus. Ela é uma cicatriz super legal que eu tenho. Uma outra que eu tenho é de uma redução mamária que eu fiz aos 19 anos. Foi bem esquisito porque quando eu tinha 12 anos eu fui ao shopping com a minha vó e comprei biquini no dia das crianças. No ano novo, eu fui colocar os biquínis e eles não serviam mais. Meu peito cresceu tipo, bum!, explodiu. Eu tinha 18 anos e só conseguia comprar sutiã em loja de mulher obesa e eu não era obesa. Mas cinco anos depois da cirurgia meu peito cresceu de novo. Algumas pessoas da minha família ficam “você não vai operar de novo?” Gente, não. Talvez eu tenha filhos e com certeza meu peito vai sofrer várias mudanças. Depois que eu tiver filhos eu opero. Enquanto isso eu tô lidando muito bem com eles. A terceira história é engraçada. Eu tava na praia brincando com a stand up. O mar tava uma banheira. Muito calmo mesmo. Eu caí, bati meu joelho na prancha. Minha perna não apoiava. Eu olhei pra ela e tinha um rombo. Meu joelho tava aberto de um jeito que eu conseguia ver meu tendão. Eu não consegui gritar e comecei a acenar. Minha mãe achou que eu tivesse fazendo graça e começou a acenar de volta. A sorte foi que meu irmão viu que a prancha e o remo voltaram pro fundo e eu não fui. Meu irmão e meu tio me carregando e meu irmão não pode ver sangue e desmaiou. Todo aquele caos e eu lembro que o sorveteiro tava ali do lado e ele deu um sorvete de maracujá pra minha vó se acalmar (risos). Meu joelho tava um picanha. Pensa uma picanha crua com gordura. Era o meu joelho. O médico devia ter uns 60 anos. Ele deu anestesia, uma puta agulhona, e quando ele começou a costurar a anestesia não tinha pegado. E foi muito ruim. Acho que ele pegou a linha de parto de vaca. Tinha uns 3 milímetros. Era mais grossa que linha de pipa. E ele começou a costurar e sabe quando a pessoa tá sem óculos que ela vai com a cabeça pra frente e pra trás pra conseguir enxergar direito? Esse que é o legal de cicatriz. Elas são minhas. Só você sabe a história delas.



 
 
 

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