Victória Pimentel
- Sofia Calabria
- 24 de nov. de 2016
- 2 min de leitura
Nasci com uma pinta no bumbum. Ela tinha um formato de losango, bem certinho. Ela era meio grande, não era uma pintinha. Foi crescendo conforme eu fui crescendo, proporcional. Minha mãe brinca com a história dessa pinta. Ela tava grávida e meu pai chegou falando de um mousse de chocolate que uma amiga que trabalhava com ele tinha feito e que era uma delícia e ela falou “ah pega a receita e faz pra mim”. E ele não fez isso, minha mãe ficou na vontade e ela brinca que foi por isso que eu nasci com essa pinta. Cresci com essa pinta e meus pais sempre me incentivaram a achar que era charmoso, que não era uma coisa esquisita. mas quando eu era meio pré-adolescente eu comecei a ficar um pouco incomodada, tanto esteticamente e também pelo lado da saúde, porque ela era grande e ela não era completamente lisa. Então eu sempre ficava com medo. Aí fui a vários médicos, até que encontrei um que me passou essa segurança de tirar a pinta. Mas ele falava “vai ficar uma cicatriz. Não vai ser nada muito delicado”. Em 2014 a gente resolveu tirar. Tava morrendo de medo e também um pouco triste. Meio triste você dar tchau pra uma partezinha de você. Eu gostava dela apesar de ter esses medos. mas pela saúde mesmo eu achei melhor tirar. E aí eu fiquei com uma cicatriz. Hoje eu gosto da cicatriz. Não vejo problema em tê-la, se ela chama atenção ou não. Eu também acho interessante a ideia das pessoas repararem e imaginarem porque eu tenho uma cicatriz no bumbum. E apesar de ela substituir uma coisa que fez parte de mim, ela representa tranquilidade. Eu sei que agora eu posso ficar tranquila, pelo menos quanto a isso.
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